Dez dias sem postar é um período de tempo bastante significativo.
Não pelo tempo, em si, pois algumas vezes este blog já ficou abandonado por mais de mês, mas dessa vez é diferente.
Há tanta coisa para ser diga, escrita...

Confesso que ficou um pouco mais difícil escrever com a quantidade de leitores - fixos e esporádicos - aumentando.
Por favor, não entendam mal, nada mais justo do que algo que foi feito para ser lido cumpra sua função social, mas nem por isso deixa de ser, no mínimo, diferente.

Especialmente hoje, um pouco [mais] filosofal...
[[Antes de prosseguir, tire toda a carga romântica associada às palavras paixão e amor.
É essencial que se encare como sentimentos e sensações puras... assim com fé não é algo apenas fixo a religião, mas um sentimento que caminha junto com a esperança, paixão e amor não são apenas sentimentos de cunho romântico.]]

Começei a pensar em um trecho de uma música dos engenheiros do hawaii, que diz:


Diga a verdade
Ao menos uma vez na vida
Você se apaixonou
Pelos meus erros

Não fique pela metade
Vá em frente, minha amiga
Destrua a razão
Desse beco sem saída

Diga a verdade
Ponha o dedo na ferida
Você se apaixonou
Pelos meus erros

E eu perdi as chaves
Mas que cabeça a minha
Agora vai ter que ser
Para toda a vida

Somos o que há de melhor
Somos o que dá pra fazer
O que não dá pra evitar
E não se pode escolher

Se eu tivesse a força
Que você pensa que eu tenho
Eu gravaria no metal da minha pele
O teu desenho

Feitos um pro outro
Feitos pra durar
Uma luz que não produz
Sombra

Somos o que há de melhor
Somos o que dá prá fazer
O que não dá pra evitar
E não se pode esconder



Não só os erros simplesmente ditos, mas os defeitos, as manias, os vícios, os chiliques, e todas essas coisas, que em tese, não tão admiradas e tidas como virtuosas e auspiciosas.

Demorei para perceber a fundo o que a música queria dizer.
''Você se apaixonou pelos meus erros...''
Sim, e não só pelos erros, mas pelos erros de todos aqueles que tanto gosto... creio que também estes tenha se apaixonado pelos meus erros.

E se/me apaixonar pelos erros alheios e até pelos meus erros é o que me encanta.

Talvez se apaixonar por tudo isso seja a resposta de gostarmos tanto de quem somos e de quem gostamos.
Simplesmente pq a paixão deixa as pessoas cegas, míopes, estrábicas, hipermetropes nos piores casos, mas permite, em qualquer grau de relacionamento - de simples amizade à casamentos com bodas de ouro - que tudo que poderia ser mais irritante, seja superado, relevado, esquecido.
E mais ainda, aceitar os próprios erros, e até se apaixonar por eles, é meio caminho andando para felicidade. Parafraseando Clarice, ''Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.''



Não digo que isso torne tudo um mar de rosas, e todos vivam em um mundo perfeito de amor e paz, mas permite, entre outras coisas, o perdão, a segunda chance, a saudade.








Sim, eu sinto saudades dos seus erros.


E mais ainda pelos erros que você me fez cometer, que eu não considero erros propriamente ditos, mas acertos errados.
Será que eu não soube vencer o desafio e fugi ou fui tão desafiadora que não deu para ver que por trás daquela expressão tão fechada, no fundo eu só queria te abraçar?!
No fundo, isso não importa mais... importante mesmo é dizer para você que foi fundamental, me fez rir, me fez chorar, me fez ser um pouco do que sou hoje, me fez bem, me fez mal... mas eu me apaixonei pelos seus erros, você me cativou, e como se bem sabe, '
tu és eternamente responsável por aquilo que cativas'...
 








 

Um comentário:

cris disse...

"A verdadeira viagem do descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ver com novos olhos."
(Marcel Proust)